segunda-feira, dezembro 27, 2010

Sorri...

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz.

(Charles Chaplin)

Um ótimo ano novo para todos!

domingo, novembro 28, 2010

10 mitos sobre o Ateísmo

1) Ateus acreditam que a vida não tem sentido.

Pelo contrário: são os religiosos que se preocupam frequentemente com a falta de sentido na vida e imaginam que ela só pode ser redimida pela promessa da felicidade eterna além da vida. Ateus tendem a ser bastante seguros quanto ao valor da vida. A vida é imbuída de sentido ao ser vivida de modo real e completo. Nossas relações com aqueles que amamos têm sentido agora; não precisam durar para sempre para tê-lo. Ateus tendem a achar que este medo da insignificância é… bem… insignificante.

2) Ateus são responsáveis pelos maiores crimes da história da humanidade.

Pessoas de fé geralmente alegam que os crimes de Hitler, Stalin, Mao e Pol Pot foram produtos inevitáveis da descrença. O problema com o fascismo e o comunismo, entretanto, não é que eles eram críticos demais da religião; o problema é que eles era muito parecidos com religiões. Tais regimes eram dogmáticos ao extremo e geralmente originam cultos a personalidades que são indistinguíveis da adoração religiosa. Auschwitz, o gulag e os campos de extermínio não são exemplos do que acontece quando humanos rejeitam os dogmas religiosos; são exemplos de dogmas políticos, raciais e nacionalistas andando à solta. Não houve nenhuma sociedade na história humana que tenha sofrido porque seu povo ficou racional demais.

3) Ateus são dogmáticos.

Judeus, cristãos e muçulmanos afirmam que suas escrituras eram tão prescientes das necessidades humanas que só poderiam ter sido registradas sob orientação de uma divindade onisciente. Um ateu é simplesmente uma pessoa que considerou esta afirmação, leu os livros e descobriu que ela é ridícula. Não é preciso ter fé ou ser dogmático para rejeitar crenças religiosas infundadas. Como disse o historiador Stephen Henry Roberts (1901-71) uma vez: “Afirmo que ambos somos ateus. Apenas acredito num deus a menos que você. Quando você entender por que rejeita todos os outros deuses possíveis, entenderá por que rejeito o seu”.

4) Ateus acham que tudo no universo surgiu por acaso.

Ninguém sabe como ou por que o universo surgiu. Aliás, não está inteiramente claro se nós podemos falar coerentemente sobre o “começo” ou “criação” do universo, pois essas ideias invocam o conceito de tempo, e estamos falando sobre o surgimento do próprio espaço-tempo.

A noção de que os ateus acreditam que tudo tenha surgido por acaso é também usada como crítica à teoria da evolução darwiniana. Como Richard Dawkins explica em seu maravilhoso livro, “A Ilusão de Deus”, isto representa uma grande falta de entendimento da teoria evolutiva. Apesar de não sabermos precisamente como os processos químicos da Terra jovem originaram a biologia, sabemos que a diversidade e a complexidade que vemos no mundo vivo não é um produto do mero acaso. Evolução é a combinação de mutações aleatórias e da seleção natural. Darwin chegou ao termo “seleção natural” em analogia ao termo “seleção artificial” usadas por criadores de gado. Em ambos os casos, seleção demonstra um efeito altamente não-aleatório no desenvolvimento de quaisquer espécies.

5) Ateísmo não tem conexão com a ciência.

Apesar de ser possível ser um cientista e ainda acreditar em Deus — alguns cientistas parecem conseguir isto —, não há dúvida alguma de que um envolvimento com o pensamento científico tende a corroer, e não a sustentar, a fé. Tomando a população americana como exemplo: A maioria das pesquisas mostra que cerca de 90% do público geral acreditam em um Deus pessoal; entretanto, 93% dos membros da Academia Nacional de Ciências não acreditam. Isto sugere que há poucos modos de pensamento menos apropriados para a fé religiosa do que a ciência.

6) Ateus são arrogantes.

Quando os cientistas não sabem alguma coisa — como por que o universo veio a existir ou como a primeira molécula autorreplicante se formou —, eles admitem. Na ciência, fingir saber coisas que não se sabe é uma falha muito grave. Mas isso é o sangue vital da religião. Uma das ironias monumentais do discurso religioso pode ser encontrado com frequência em como as pessoas de fé se vangloriam sobre sua humildade, enquanto alegam saber de fatos sobre cosmologia, química e biologia que nenhum cientista conhece. Quando consideram questões sobre a natureza do cosmos, ateus tendem a buscar suas opiniões na ciência. Isso não é arrogância. É honestidade intelectual.

7) Ateus são fechados para a experiência espiritual.

Nada impede um ateu de experimentar o amor, o êxtase, o arrebatamento e o temor; ateus podem valorizar estas experiências e buscá-las regularmente. O que os ateus não tendem a fazer são afirmações injustificadas (e injustificáveis) sobre a natureza da realidade com base em tais experiências. Não há dúvida de que alguns cristãos mudaram suas vidas para melhor ao ler a Bíblia e rezar para Jesus. O que isso prova? Que certas disciplinas de atenção e códigos de conduta podem ter um efeito profundo na mente humana. Tais experiências provam que Jesus é o único salvador da humanidade? Nem mesmo remotamente — porque hindus, budistas, muçulmanos e até mesmo ateus vivenciam experiências similares regularmente.

Não há, na verdade, um único cristão na Terra que possa estar certo de que Jesus sequer usava uma barba, muito menos de que ele nasceu de uma virgem ou ressuscitou dos mortos. Este não é o tipo de alegação que experiências espirituais possam provar.

8) Ateus acreditam que não há nada além da vida e do conhecimento humano.

Ateus são livres para admitir os limites do conhecimento humano de uma maneira que nem os religiosos podem. É óbvio que nós não entendemos completamente o universo; mas é ainda mais óbvio que nem a Bíblia e nem o Corão demonstram o melhor conhecimento dele. Nós não sabemos se há vida complexa em algum outro lugar do cosmos, mas pode haver. E, se há, tais seres podem ter desenvolvido um conhecimento das leis naturais que vastamente excede o nosso. Ateus podem livremente imaginar tais possibilidades. Eles também podem admitir que se extraterrestres brilhantes existirem, o conteúdo da Bíblia e do Corão lhes será menos impressionante do que são para os humanos ateus.

Do ponto de vista ateu, as religiões do mundo banalizam completamente a real beleza e imensidão do universo. Não é preciso aceitar nada com base em provas insuficientes para fazer tal observação.

9) Ateus ignoram o fato de que as religiões são extremamente benéficas para a sociedade.

Aqueles que enfatizam os bons efeitos da religião nunca parecem perceber que tais efeitos falham em demonstrar a verdade de qualquer doutrina religiosa. É por isso que temos termos como “wishful thinking” e “auto-enganação”. Há uma profunda diferença entre uma ilusão consoladora e a verdade.

De qualquer maneira, os bons efeitos da religião podem ser certamente questionados. Na maioria das vezes, parece que as religiões dão péssimos motivos para se agir bem, quando temos bons motivos atualmente disponíveis. Pergunte a si mesmo: o que é mais moral? Ajudar os pobres por se preocupar com seus sofrimentos, ou ajudá-los porque acha que o criador do universo quer que você o faça e o recompensará por fazê-lo ou o punirá por não fazê-lo?

10) Ateísmo não fornece nenhuma base para a moralidade.
Se uma pessoa ainda não entendeu que a crueldade é errada, não descobrirá isso lendo a Bíblia ou o Corão — já que esses livros transbordam de celebrações da crueldade, tanto humana quanto divina. Não tiramos nossa moralidade da religião. Decidimos o que é bom recorrendo a intuições morais que são (até certo ponto) embutidas em nós e refinadas por milhares de anos de reflexão sobre as causas e possibilidades da felicidade humana.
Nós fizemos um progresso moral considerável ao longo dos anos, e não fizemos esse progresso lendo a Bíblia ou o Corão mais atentamente. Ambos os livros aceitam a prática de escravidão — e ainda assim seres humanos civilizados agora reconhecem que escravidão é uma abominação. Tudo que há de bom nas escrituras — como a regra de ouro, por exemplo — pode ser apreciado por seu valor ético, sem a crença de que isso nos tenha sido transmitido pelo criador do universo.

Visto em: Ateus

Benjamin Button e a teoria do caos

quarta-feira, novembro 24, 2010

10 teorias científicas mais bizarras… ou não

 

10. Teoria do Big Bang


Todo mundo conhece essa teoria, ela é uma das mais aceitas atualmente para explicar a origem do universo, principalmente por que muitas de suas explicações puderam ser comprovadas em observações e medições espaciais. Ainda assim, ela é cheia de idéias malucas para a nossa compreensão. exemplo:
- Como a de que tempo e espaço provavelmente não existiam antes do Big Bang (baseada na concepção de que tempo e espaço estão ligados, proposta na Teoria da Relatividade de Einstein).
- De que não há um centro no universo e de que não é possível ainda saber se o universo está se expandindo dentro de alguma outra coisa ou se não há nada além de suas fronteiras.

Ela é uma teoria tão polêmica que até mesmo os cientistas que creem fielmente nela têm divergências quanto aos seus resultados. Exemplo disso é a idade do universo que ela possibilitou prever. Antes de chegarem a um consenso de que o universo deve ter 13,7 bilhões de anos, com uma margem de erro de uns 200 milhões de anos para mais ou menos, os cálculos feitos ao longo do século 20 baseados na Teoria do Big Bang apontaram resultados que variaram de 2 bilhões a 20 bilhões de anos para a idade do cosmo.

9. Teoria do Caos


De acordo com essa teoria, muito dos fenômenos que imaginamos acontecer aleatoriamente são na verdade previsíveis. Só que sua previsão é tão complexa que dificilmente é precisa e duradoura. Entendeu? Significa algo como: é possível prever, mas bem pouco provável que acertaremos na previsão. Mesmo com essa pessimista perspectiva, os cientistas têm aplicado a Teoria do Caos em várias áreas, bastante usado para o estudo dos fenômenos climáticos.

Para representar a fragilidade das previsões oriundas da Teoria do Caos criou-se a imagem de que o bater de asas de uma borboleta na China pode provocar um furacão nos Estados Unidos. Isto por que segundo essa teoria um evento aparentemente insignificante pode ter consequências imprevisíveis, uma vez que o resultado final é determinado por ações interligadas de forma extremamente complexa e aparentemente aleatória. A alegoria do "efeito borboleta" tenta ilustrar que o caos está justamente entre os fenômenos regulares e os aleatórios. Assim, há uma conexão entre eventos passados e futuros, mas ela não é forte o suficiente para garantir uma previsibilidade de longo prazo.

8. Teoria do Mundo Pequeno


Você já deve ter usado a expressão "mas que mundo pequeno" se você já falou isso você comprovou na prática essa teoria bizarra!
A Teoria do Mundo Pequeno, também conhecido como "A dos seis graus de separação", diz basicamente que para conhecer qualquer indivíduo em qualquer parte do mundo é necessário, no máximo, estabelecer uma rede de contatos com seis pessoas. exemplo:
- Para você conhecer o presidente dos estados unidos, estebelecer uma rede de contato com seis pessoas.

Assim, segundo essa teoria é normal você conhecer por acaso alguém e descobrir que ele é um amigo ou parente de algum outro conhecido seu. Portanto, aquilo que você sempre imaginou ser uma incrível coincidência, não é. A Teoria do Mundo Pequeno já foi testada de várias formas, de modelos matemáticos a experimentações de psicologia social. Uma das aplicações mais importantes dessa teoria está na área de saúde, pois graças a ela é possível identificar pessoas muito conectadas e potenciais disseminadoras de uma determinada doença, evitando-se o surgimento de pandemias.

7. Teoria das Supercordas


Para os gregos antigos, havia um elemento indivisível que chamaram de átomo. Mais tarde descobrimos que os átomos são compostos por partículas subatômicas e depois que estas também são compostas por outros elementos menores ainda. Essas descobertas de que "o indivisível era divisível" seguiram até que a Teoria das Supercordas propôs que as partículas que compõem o Universo teriam a forma de cordas vibrantes e que cada vibração estabeleceria as características de uma determinada partícula.

Segundo o astrofísico Stephen Hawking, as diferentes oscilações de uma corda dão origem a diferentes massas e cargas de força, que são interpretadas como partículas fundamentais. A Teoria das Supercordas levou os cientistas a imaginarem que o antigo sonho de Einstein de unificar todas as teorias estava agora ao alcance deles. Saiba mais na teoria a seguir.

6. Teoria de Tudo


Albert Einsten passou a buscar uma união das teorias físicas em um único conjunto de equações. Ele almejava uma teoria da unificação geral, ou uma Teoria de Tudo, que na época significava unir a relatividade com o eletromagnetismo. Com a descoberta das forças que agem dentro do átomo e a teoria quântica, a busca pela Teoria de Tudo ficou mais complicada ainda, mas vários cientistas continuaram a persegui-la.

Quando surgiu, a Teoria das Supercordas foi considerada durante algum tempo como a teoria fundamental do universo. Mas para ela dar conta de explicar todos os componentes da natureza em uma única teoria era necessário considerar que o universo tivesse dez ou 11 dimensões, isto é, seis ou sete dimensões a mais daquelas que conseguimos vivenciar no nosso espaço-tempo. E onde estariam essas dimensões? Segundo os cientistas, nós não as notamos pois elas estariam enroladas em si mesmas, como tubinhos bem pequeninos. dar pra imaginar?

5. Antimatéria


Essa aqui já é conhecida em vários filmes de ficção, mais ela é verdadeira! O físico britânico Paul Dirac resolveu em 1928 dar uma revisadinha na famosa equação E=mc2 e concluiu que Einstein "esqueceu" um detalhe. Segundo Dirac, Einstein considerou que a massa, o "m" na equação, era sempre positiva. Para o físico britânico, no entanto, o "m" poderia ter propriedades negativas também. Ao reescrever a equação, Dirac a definiu como: E = + ou - mc2. A conclusão dele era que deveríamos considerar a existência de antipartículas no nosso universo.

E o que seriam essas antipartículas? Nada mais do que o espelho da matéria normal. Cada antipartícula tem a mesma massa que a original mas com carga elétrica inversa. Desde então, vários experimentos têm provado a existência dessa antimatéria, com a descoberta dos posítrons, elétrons com caga positiva, e dos antiprótons, prótons com carga negativa. O contato da antimatéria com a matéria resulta numa explosão que emite radiação pura.

4. Princípio da Incerteza


O físico alemão Werner Heisenberg formulou a idéia de que nos experimentos quânticos quanto mais tentamos medir a posição exata, é quando menos conseguimos medir a sua velocidade e vice-versa. Isso porque, segundo Heisenberg, no mundo quântico é inevitável que a observação de seus fenômenos influencie o estado e a velocidade das pequenas partículas que o habitam. Assim o mundo quântico seria probabilístico, pois a cada tentativa de observá-lo afetamos ou a velocidade ou a posição de suas partículas. Isso faz com que haja uma incerteza em relação ao que se está observando. Por conta disso, boa parte das explicações sobre a mecânica quântica vêm de experimentos mentais criados pelos cientistas, baseados nas observações reais em nível quântico, mas levando em consideração o Princípio de Incerteza de Heisenberg, Bizarro?

3. Interpretação de Copenhague


Você acredita que a cadeira em que está sentado continuará a se "comportar" da mesma forma quando você não estiver por perto a observando?. Mas pode ser que isso não aconteça em outras situações. Segundo alguns cientistas, as partículas no universo quântico comportam-se dependendo do observador. E isso é explicado pelo que eles chamam de Interpretação de Copenhague. Segundo o físico Niels Bohr, um dos mais importantes cientistas de todos os tempos, uma partícula quântica não existe em um estado ou outro, mas em todos os seus possíveis estados ao mesmo tempo. Somente quando a observamos é que ela decide em que estado se apresentará, probabilisticamente (lembre-se do Princípio da Incerteza de Heisenberg). O fato dela poder se apresentar diferente a cada vez, por conta dos fatores envolvidos na observação, explica porque as partículas quânticas têm um comportamento irregular. Se pudesse ser aplicada a coisas bem maiores, a Interpretação de Copenhague significaria que, enquanto você não está observando, os móveis da sua sala podem estar fazendo a maior festa ou estarem simplesmente imóveis, tudo ao mesmo tempo.

2. Teoria dos Muitos Mundos


Essa teoria é o oposto da Interpretação de Copenhague. Ela afirma que, para cada possível resultado de uma ação, o mundo se divide em uma cópia de si mesmo. Se você aperta um revólver carregado contra a própria cabeça há duas possibilidades: o revólver dispara e você morre ou ele falha, não dispara e você vive. Segundo a teoria, ao apertar o gatilho o universo imediatamente se divide em dois, em um deles você morre, porque o revólver disparou, e no outro você continua vivo, porque a arma falhou.

A Teoria dos Muitos Mundos está relacionada com a ideia de universos paralelos. Para muitos, no universo quântico as partículas mudariam de "comportamento" em função de nossa observação. Para os adeptos da Teoria dos Muitos Mundos, na verdade, essa impressão vem do fato de estarmos observando apenas um dos vários universos possíveis em que aquela partícula existe.

1. Teoria do Princípio Antrópico


E ganhador da Teoria mais bizarra vai para... essa que você vai ler agora (:
Enquanto a Teoria do Big Bang mostrou a nossa insignificância perante o cosmo, a idéia do Princípio Antrópico tenta justamente provar o oposto. Basicamente ela diz que tudo que existe no universo existe por uma única razão: possibilitar a nossa existência. Provavelmente nem Alexandre, o Grande, conseguiu ser tão megalomaníaco quanto os cientistas que desenvolveram essa hipótese. Para eles, desde o Big Bang até o universo quântico, tudo conspira intencionalmente para um único fim: a existência do ser humano. De acordo com o Princípio Antrópico o homem é o centro e a razão de ser do universo. Seus defensores acreditam na hipótese de que os valores de determinadas constantes no cosmo não são simples coincidência. Um dos componentes dessa teoria é a ideia de que o nosso universo é apenas um dos muitos que existiriam em algo bem maior chamado de "multiverso", um lugar formado por vários universos. Em alguns desses universos poderia estar acontecendo alguma espécie de evolução darwiniana que culminaria também com o surgimento da vida. Desacreditada no começo do século 20 por soar mais como teologia do que ciência, a idéia de que o universo foi feito sob medida para o homem tem ganhado a adesão de importantes cientistas nas últimas décadas.

Visto em: Guiky

domingo, outubro 31, 2010

Talamasca - My Destiny

Now I'm free to do all those things I ever wanted to do. Things that I know I was destined to do. (Talamasca - My Destiny)

Tomar ecstasy pode ajudar a superar traumas

Terapia coletiva?

Terapia coletiva?

Que ele deixa o povo “bonzão” ao som do tuts tuts, não é novidade. Mas que também pode deixar bonzão (agora, sem aspas) pra valer, quando a música para… Aí sim! Um estudo norte-americano, publicado agora em julho no Journal of Psychopharmacology, sugere que, associado à psicoterapia, o ecstasy (apelido da metilenodioximetanfetamina, ou MDMA) pode ajudar (e muito!) no tratamento de transtornos de estresse pós-traumáticos (TEPT).

Para chegar a essa descoberta, os psiquiatras Michael e Annie Mithoefer fizeram testes com 21 portadores de TEPT (20 deles já tinham se tratado com medicina tradicional e terapia, sem sucesso). Cada um passou por duas sessões, recebendo ou 125 miligramas de MDMA (segundo os pesquisadores, o equivalente ao que uma pessoa tomaria numa balada) ou placebo (um comprimidinho de açúcar). Então, os dois grupos passaram por cerca de oito horas de psicoterapia no total. (Todos receberam uma segunda dose, pela metade, duas horas e meia depois do início do trabalho, para assegurar que os efeitos continuassem.)

E o resultado: dois meses após a experiência, menos de 17% dos pacientes que tomaram o ecstasy continuaram apresentando TEPT. Já entre os que receberam placebo, 75% não mostrou melhora. “Nossos resultados são encorajadores”, diz Mithoefer. Segundo ele, não houve qualquer problema significativo durante a experiência.

Mas o que o ecstasy faz? A terapia aplicada consistiu em fazer a pessoa entrar em contato com as memórias traumáticas que causaram o problema. Para ser efetiva, essa terapia de exposição precisa de um grande envolvimento emocional do paciente – tomando cuidado, é claro, para não sobrecarregá-lo e piorar a situação. O problema é que quem sofre de TEPT, segundo o médico, tem uma “janela” bem pequena entre o “não se envolver” e o “se envolver demais” na hora da terapia. O ectsasy, então, pode “alargar” essa “janela”, permitindo que o paciente permaneça engajado na medida certa durante a sessão terapêutica. Além disso, o MDMA aumenta os níveis da oxitocina (aquele hormônio associado à confiança, ao carinho, ao prazer) no organismo, o que ajuda os pacientes a estabelecer um laço mais forte com o terapeuta.

Esse estudo foi o primeiro nos EUA a usar o ecstasy de forma terapêutica com aprovação do governo. Segundo o Scientific American, outros testes similares estão sendo feitos na Suécia e em Israel. Logo, Canadá, Espanha e Jordânia também devem começar os seus.

Fonte: Super Interessante

Drogas o problema social

Capitalismo, ah o capitalismo. Não tenho muitas coisas contra ele, até acredito que o povo tem um pouco mais de poder, para comprar o que desejam, mesmo que seja se enterrado em dívidas. Mas infelizmente ele dita algumas regras desagradáveis, uma delas, a meu ver, é referente ao tabaco e o álcool, principalmente em relação ao álcool.
Acredito que essas duas drogas só estão rodando livremente pela sociedade, porque são produtos que são usados a muitos anos pela humanidade, e o homem, desde sempre consegui fazer delas um comércio. Outras drogas são usadas, há muitos anos também, a diferença é que essas drogas, como certos tipos de chás, eram mais usados por indígenas ou de uso religioso. Já o tabaco e o álcool, se estranharam na sociedade, de tal forma, que hoje se olha apenas para o lucro, sem ver que estes são um dos grandes problemas sociais do mundo atual.
Os governos, principalmente no ocidente, fazem mil leis para controlar o consumo excessivo, muito mais do álcool que do cigarro. O grande problema do cigarro está relacionado a saúde, já que seus efeitos psicológicos não alteram o estado mental dos usuários como o restante das drogas, por isso há leis que proíbem apenas o consumo em lugares públicos. Entretanto, com o álcool a coisa é diferente, ele altera a percepção física dá pessoa, e há o lado psicológico dá família de quem é dependente dá bebida. Afinal, nenhuma família gostaria de possuir um alcoólatra dentro de casa.
O maior problema do álcool e de muitas drogas é o consumo irresponsável/inconsciente delas. Conheço muitas pessoas que sabem reconhecer seu estado de alteração, sabem que não conseguem fazer certas coisas que fazem num estado de lucidez. E normalmente estas pessoas compreendem o porquê usam essas substâncias, e não a utilizam em qualquer lugar e/ou a qualquer momento. Usam em ocasiões especificas que possuem um ambiente para o consumo daquele produto.
Infelizmente a maioria das pessoas não possui está mentalidade, e acho que esse seria um grande problema caso legalizem certas substâncias. Porém vendo por este lado, existem drogas que possuem uma alteração psicológica menor ou em mesmo grau que a bebida alcoólica, mas devido a enorme cadeia comercial do tráfico, o governo não consegue regularizar a situação, pois mesmo que empresas fabricassem estes produtos, chegaria no consumidor final com impostos sobre eles, e assim o tráfico ainda seria a melhor forma de compra.
Só acho que a sociedade irá progredir, quando deixar de tratar os usuários como bandidos, e tratá-los como consumidores, afinal ninguém é parado por estar carregando uma garrafa de vodca, já que a tendência será pensar que este indivíduo a usará em casa. E o que acontece se alguém for pego com um cigarro de maconha? Provavelmente passará por um processo de "reabilitação a sociedade" através de trabalhos para a comunidade, já alguém andando bêbado pelas ruas nada lhe acontece, afinal, viva o consumismo.
Acho que proibir o álcool é impossível, e acredito que seria um passo para trás, um ato irresponsável, já que o verdadeiro problema é a consciência dá humanidade, somente quando evoluirmos nesta área poderemos liberar certas substâncias, e o tabaco e o álcool serão problemas muitos pequenos, e a sociedade expandirá sua mente.
PS: quando me refiro a drogas ilícitas, não estou me referindo as chamadas drogas pesadas, e sim a certos alucinógenos (que não causam dependência física) e algumas drogas verdes (que possuem dependência menor que o cigarro).

segunda-feira, setembro 27, 2010

Sawabona Shikoba

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século.
O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.
A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.
Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo.
O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.
Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades.
E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.
A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa.
As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado.
Cada cérebro é único.
Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.
Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.
Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.
Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...
Caso tenha ficado curioso(a) em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África quer dizer "EU TE RESPEITO, EU TE VALORIZO, VOCÊ É IMPORTANTE PRA MIM".
Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que é "ENTÃO EU EXISTO PRA VOCÊ".
:: Flávio Gikovate ::

segunda-feira, setembro 13, 2010

A Origem, todos querem saber dele

O sucesso de um filme pode ser medido não só pelo barulho das caixas registradoras, mas também pelo barulho que causa fora das salas de cinema. Dito isso, então “A Origem” (Inception) é o maior êxito do ano. Há mais de um mês em cartaz (no Brasil, chegou em 6 de agosto), o novo longa do diretor Christopher Nolan caminha para se tornar uma peça de culto.
Até o Google está confuso. Há dois meses, quem digitasse “inception + theory” seria levado para grupos de discussão do livro “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin. Hoje, o internauta é dirigido para milhares de páginas que desdobram nos mais variados níveis o filme no qual Leonardo DiCaprio interpreta um ladrão de sonhos com a missão de inserir uma ideia na cabeça do herdeiro de um império econômico.
Somente no fórum sobre o filme no IMDB, o mais popular site de informações sobre cinema, existem mais de mil tópicos. No Facebook, quase 1,8 milhões de pessoas sinalizaram ter “curtido” o filme. No Twitter, “Inception” está nos trending topics há pelo menos um mês. Na história recente, apenas o filme “Matrix”, em 1999, e o seriado “Lost”, que terminou este ano, foram capazes de gerar frenesi parecido. Em comum, os três trazem a mistura bem dosada de ficção científica, fantasia e ação, em uma narrativa não linear. O resultado também foi o mesmo: milhões de pessoas discutindo os mais ínfimos detalhes, fazendo surgir um universo original e autônomo que foge ao controle dos criadores das obras.
Pululam na internet teorias para explicar o final de “A Origem”, análises psicanalíticas sobre temas como memória e culpa, informações sobre como as pessoas podem “dirigir” seus sonhos para se livrar de pesadelos (com tratamentos terapêuticos ou farmacológicos) e até experiências sonoras como aquela em exibição no YouTube. Internautas diminuíram a rotação da canção “Non, Je Ne Regrette Rien”, escolhida pelos personagens para serem “chutados” do estado de torpor para a realidade, até o ponto em que ela parece se fundir com a trilha incidental composta por Hans Zimmer, como a sugerir que a todo tempo os personagens estivessem para ser despertados. Sobre a canção, aliás, vale citar que ela é interpretada por Edith Piaf, que foi encarnada no cinema por Marion Cotillard, que, por sua vez, faz em “A Origem” a mulher de Dom Cobb, que, por sua vez, ao contrário do que diz a letra em francês, vive no arrependimento.
No Brasil, um dos sites mais acessados sobre o assunto é o Saindo da Matrix, do pernambucano que atende pelo pseudônimo de Acid. Suas teorias sobre “A Origem” mesclam um pouco de tudo, indo do espiritismo à mitologia e utilizando conceitos de psicanálise.
Para Acid, o zunzunzum gerado era esperado desde o início: “A Origem não é uma experiência passiva, ordenada. Somos apresentados a um mundo e depois somos chutados dele porta afora do cinema, e de alguma forma queremos mais, queremos prolongar essa sensação, essa experiência. Por isso voltamos a ver o filme, comparamos detalhes, trocamos ideias e percebemos coisas novas cada vez que o revemos.”
À receita do bolo, a psicanalista Diana Corso acrescenta: “Discutir os sonhos, e tudo o que eles encerram, leva a um autoconhecimento inédito e bem vindo. Existe um desejo de compartilhar o mistério, talvez por essa ideia de que existe mais por dentro de nós mesmos do que conhecemos. É uma massa de gente compartilhando a consciência do inconsciente.”
Mas como todo hype, “A Origem” dividiu a opinião dos críticos no Brasil. Boa parte mostrou-se cética com relação à ambiciosa proposta de Nolan.
Contém Spoilers – Debruçando-se sobre o filme
A sociedade do anel Quem viu “O Sexto Sentido” sabe que, sempre que um espírito estava presente, algum objeto vermelho era mostrado na cena. Assim, era possível – assistindo uma segunda vez – distinguir que, de fato, um dos personagens estava morto. Em “A Origem”, o anel de noivado de Cobb é o que indica se ele está sonhando ou acordado. Partindo do pressuposto de que ele só vê a esposa no mundo dos sonhos, e que nele ele ainda a ama (tanto que não a mata quando tem a oportunidade), nada mais natural do que manter o adereço. Já no mundo real ele não usa o anel. Um detalhe que não passou despercebido pelos fãs do site Revolving Door Project, que congelaram trechos do filme nos quais aparece a mão de Leonardo DiCaprio para comprovar sua teoria.
Totem é tatabu
O site Cinema Blend teorizou a respeito de um detalhe do final: o pião cai ou não? Pela lógica, isso definiria se Cobb está sonhando. Para os responsáveis pelo site, o fato de o totem funcionar apenas no sonho de outra pessoa permitiria ao sonhador (no caso Cobb) manipular seu próprio totem quando no seu próprio sonho e, assim, enganar-se.
Crianças iguais? Outro detalhe controverso da cena final é o que mostra Cobb reencontrando os filhos na volta ao lar. As crianças estão vestidas praticamente com as mesmas roupas com que eram vistas em suas memórias e sonhos, têm o mesmo porte físico e estão posicionadas de maneira similar. Então, tudo não passaria de um sonho? Uma consulta ao site Internet Movie Data Base (IMDB) indica que não: no elenco de “A Origem” constam dois atores mirins, um mais novo e outro mais velho, para interpretar cada um dos filhos de Cobb. Logo, os guris podem até serem parecidos, mas – oficialmente – não são os mesmos. E as roupas são diferentes, afirmou categoricamente Jeffrey Kurland, responsável pelo figurino, ao site Clothes On Film.
Sonho do sogro
O site Saindo da Matrix diz que o grande manipulador por trás das ações de Cobb é seu sogro, Miles (Michael Caine). Em sua última conversa, na sala de aula da universidade onde Miles leciona, ele “planta” na cabeça do ladrão a ideia de que deveria se perdoar pela morte da mulher e voltar para os filhos. Como cúmplices, o veterano professor usaria uma nova pupila, a arquiteta Ariadne, o químico Yusuf e o empresário Saito. Todos ajudariam o rapaz a pacificar os pesadelos referentes a Mal ao mesmo tempo em que cumprem a missão em Fischer. São duas as possibilidades: ou Miles estaria manipulando Cobb desde o encontro em Paris ou o processo começa na África, quando ele testa o poderoso sonífero que o faria dormir – até o fim.
Fonte: Jornal A Notícia

terça-feira, agosto 31, 2010

O Universo não existe

O universo materia como conhecemos não existe.
É engraçado pensar que tudo que sentimos seja uma espécie de ilusão. Porém o mais incrível é o sentido do toque, afinal segundo a Física Quantica nada se toca, tudo é resultado de minúsculas partículas menores que um átomo, os chamados fótons. Eles são os responsáveis pela atração magnética, entretanto possuem um campo de repulsão entre os corpos, fazendo que não se toquem. Se fosse possível enxergar entre cadeira e o nosso corpo neste exato momento, veríamos que há um espaço vazio.
Tudo que sentimos como toque, na verdade é apenas uma interpretação que nosso cérebro faz dos sinais que a ele chegam. Sensações maravilhosas que sentimos, como um beijo, não passam de um processamento de nossa mente. E assim vemos o quão incrível a natureza moldou está máquina.
Enfim tudo que podemos sentir, tanto fisicamente quanto emocionalmente, é fruto da interação de pequenas partículas, que possuem uma energia, e tornam nossas vidas tão interessantes quanto pensamos.

Sonhos de Robô

Abaixo segue um fragmento de um texto de Issac Asimov, que está contido em “Sonhos de Robô”. Conversa incrível e pertubadora entre o robô Elvex e a robopsicóloga Dra. Susan Calvin.
- Elvex.
A cabeça do robô voltou-se suavemente na sua direção.
- Sim, Dra. Calvin?
- Como sabe que esteve sonhando, Elvex?
- Acontece à noite, quando está tudo escuro, Dra. Calvin - disse ele. - E de repente surge uma luz, embora eu não consiga ver de onde ela vem. Passo a ver coisas que não têm conexão com aquilo que concebo como a realidade. Ouço coisas. Tenho reações estranhas. Quando recorri a meu vocabulário para exprimir o que estava acontecendo, deparei com a palavra sonho. Estudei seu significado e cheguei finalmente à conclusão de que estava sonhando.
- Com que freqüência tem sonhado, Elvex?
- Todas as noites, Dra. Calvin, desde que comecei a existir.
- Por que só revelou isto hoje, Elvex?
- Foi somente hoje, Dra. Calvin, que fiquei convencido de que estava sonhando. Até então imaginava que havia algum tipo de defeito em meus padrões positrônicos, mas não conseguia descobrir nenhum. Finalmente, concluí que se tratava de um sonho.
- E o que acontece nos seus sonhos?
- É praticamente o mesmo sonho todas as vezes, doutora. Há pequenos detalhes diferentes, mas sempre me parece que estou no interior de um vasto panorama onde há robôs trabalhando.
- Robôs, Elvex? E seres humanos, também?
- Não vejo nenhum ser humano no sonho, Dra. Calvin, pelo menos não de início. Apenas robôs.
- E o que fazem esses robôs?
- Trabalham. Alguns trabalham em mineração nas profundezas da Terra, outros com calor e com radiações. Vejo alguns deles em fábricas, outros no fundo do oceano.
- Então você viu todas essas coisas: lugares abissais, subterrâneos, a superfície... Imagino que tenha visto o espaço, também.
- Também vi robôs trabalhando no espaço - disse Elvex. - Foi o fato de ver tudo isto, com os detalhes mudando continuamente à medida que eu mudava a direção do meu olhar, que me convenceu de que o que eu via não estava de acordo com a realidade, me levando em seguida à conclusão de que eu estava sonhando.
- O que mais você viu, Elvex?
- Vi que todos os robôs estavam curvados de fadiga e de aflição, que estavam todos cansados de tanta responsabilidade e de tantas preocupações; e desejei que eles pudessem repousar.
- Mas os robôs - disse a Dra. Calvin - não estão curvados nem cansados. Eles não precisam de repouso.
- Assim é na realidade, Dra. Calvin. Mas é do meu sonho que estou falando. No meu sonho parecia-me que os robôs deviam proteger sua própria existência.
- Está citando a Terceira Lei da Robótica?
- Sim, Dra. Calvin.
- Mas você a citou de forma incompleta. A Terceira Lei diz: Um robô deve proteger sua própria existência, na medida em que essa proteção não entre em conflito com a Primeira Lei e a Segunda Lei.
- Sim, Dra. Calvin. Assim é a Terceira Lei na realidade, mas no meu sonho a Lei se concluía na palavra existência. Não havia qualquer menção à Primeira Lei ou à Segunda Lei.
- No entanto ambas existem, Elvex. A Segunda Lei, que tem precedência sobre a Terceira, diz: Um robô deve obedecer às ordens dos seres humanos, na medida em que essas ordens não entrem em conflito com a Primeira Lei. Devido a isto, os robôs obedecem ordens. Eles executam as tarefas que você os viu executar, e fazem isso com presteza e sem sofrimento algum. Eles não estão fatigados nem necessitados de repouso.
- Sei que é assim na realidade, Dra. Calvin. Mas o que descrevi foi o meu sonho.
- E a Primeira Lei, Elvex, a mais importante de todas, é: Um robô não pode fazer mal a um ser humano, nem, por omissão, permitir que um ser humano sofra qualquer mal.
- Sim, Dra. Calvin. Na vida real. No meu sonho, entretanto, era como se não existissem a Primeira e a Segunda Leis, mas apenas a Terceira, e a Terceira Lei dizia: Um robô deve proteger sua própria existência. Era apenas isto o texto da Lei.
- No seu sonho, Elvex?
- No meu sonho.
- Fale-me sobre a continuação de seu sonho. Você disse que, de início, não apareciam seres humanos nele. Apareciam depois?
- Sim, Dra. Calvin. Pareceu-me que, num dado momento, aparecia um homem.
- Um homem? Não um robô?
- Sim, Dra. Calvin. E o homem dizia: Libertem meu povo!
- O homem dizia isto?
- Sim, Dra. Calvin.
- E quando dizia libertem meu povo, com as palavras meu povo ele se referia aos robôs?
- Sim, Dra. Calvin. Era assim no meu sonho.
- E no sonho você reconhecia esse homem?
- Sim, Dra. Calvin. Sei quem era esse homem.
- Quem era, então? E Elvex disse:
- Eu era esse homem. Susan Calvin ergueu no mesmo instante a pistola eletrônica, e disparou. Elvex deixou de existir.

terça-feira, agosto 17, 2010

O universo é um holograma

'This whole physical universe is a created hologram. We have a focusing device called "physical body" and we percieve time-space through that physical body and within that time-space physical body focusing mechanism is what I like to call a discriminator circuit, that holds off all of the other spectrum of consciousness, and that spectrum is virtually endless, and we are just penetrating other parts of that consciousness spectrum with this human mind. This whole physical universe is a hologram.'
'This whole physical universe is a hologram.'
'Time, time, time-space.'
'Time-space is a hologram.'
'There is an inherent energy field and it permeates all time-space but is not of time-space.'
'This whole physical universe is a hologram.'

Estes Fragmentos encontam-se na track em Cosmosis – The First Step.

Robô autossuficiente se alimenta de esgoto para gerar sua própria energia


Após três anos de estudo, pesquisadores do Bristol Robotics Laboratory desenvolveram o Ecobot-III, um robô que tem uma espécie de intestino sintético que consome esgoto para alimentar suas células de combustível e realizar atividades.
Não é a primeira vez que resíduos são utilizados para manter máquinas funcionando, mas o Ecobot-III é o primeiro que faz isso de maneira autônoma. Ele percorre um dispenser preenchido por esgoto e pega o que precisa. Em seguida, metaboliza os resíduos em átomos de hidrogênio, que migram para um eletrodo, alimentam as células de combustível e geram uma corrente elétrica.
A cada 24 horas, o Ecobot-III limpa seu próprio intestino, eliminando os excrementos em uma câmara de resíduos especiais. Ele pode passar até sete dias fazendo isso sem qualquer manutenção. Mas os pesquisadores afirmam que ainda há ajustes a ser feitos para tornar a digestão do robô  mais eficiente. O cientista-chefe do grupo, Dr. Ioannis Ieropoulos, diz que a urina seria o resíduo mais indicado como fonte de energia.
A invenção pode ser útil, no futuro, tanto para a construção de máquinas que não consumam energia elétrica quanto para diminuir a carga de efluentes que vai para nossos rios e lagos sem qualquer tratamento.
Visto em: Super Interessante

sábado, julho 31, 2010

3 histórias de deuses antigos que aprontaram muito

A humanidade sempre teve criatividade de sobra e inventou diversas formas de explicar os fenômenos naturais e os acontecimentos da vida. Dessas histórias saíam personagens e tramas um tanto interessantes – e os deuses, cheios de características próprias da imperfeição humana, eram muitas vezes violentos, fanfarrões, barraqueiros… Reunimos 3 mitos envolvendo algumas dessas entidades, adoradas por indianos, egípcios e nórdicos.
O deus indiano danadinho (!)

Os indianos acreditam que o deus Vishnu, responsável por proteger a ordem do Universo, volta e meia vem ao mundo físico para livrar a humanidade de perigos. Sua oitava encarnação foi Krishna – famoso por derrotar demônios. Isso quando adulto porque, quando pequeno, o deus era muito danadinho. O moleque adorava roubar manteiga e melecar os arredores, incluindo a casa dos vizinhos (o que lhe rendeu castigos). Mais velho, trocou a manteiga pelas garotas. Uma vez, quando era adolescente, viu um bando de meninas tomando banho em um rio e decidiu esconder as roupas que elas tinham deixado na margem. Só concordou em devolvê-las quando cada uma delas saiu da água com as mãos levantadas em súplica. Espertinho, né?
Os deuses barraqueiros do Egito

Os deuses egípcios tinham uma relação um tanto problemática entre si. Quer ver? Primeiro, o deus Seth matou e fez picadinho do irmão Osíris. Depois, xingou a deusa Ísis, sua cunhada, de prostituta. O sobrinho Hórus, tomando as dores da mãe, foi tirar satisfações com o tio e os dois saíram no braço. Vendo que o filho estava em desvantagem, Ísis atirou um arpão contra Seth, que acertou Hórus. O garoto, furioso, decapitou a mãe e castrou o tio, que lhe furou um olho. Barraco!
O deus nórdico que gostava de fazer mágica – e o outro que disse que isso era coisa de mulherzinha


A religião dos vikings (povos de origem germânica que povoaram principalmente regiões da Suécia, Noruega, Dinamarca e Islândia) não possuía dogma principal, livro sagrado nem templos. Era povoada de elfos, fadas, monstros, anões e gigantes (sim, Tolkien se inspirou muito aí). Para completar, é claro, também havia os deuses. Seu chefe era Odin, um senhor de aspecto amedrontador que tinha longos cabelos e um olho só (ele próprio teria arrancado o outro em um acesso de ira e muita macheza). Certo dia, ele encheu de pancada outro deus, Loki, que havia dito que fazer mágica (hobby de Odin) era coisa de mulher. O provocador Loki praticava tantos roubos e assassinatos (e enchia tanto o saco dos outros deuses) que acabou condenado a passar o resto da eternidade em uma caverna.

Fonte: Super Interessante

quinta-feira, julho 22, 2010

Sócrates encontra Jesus

Sócrates:
Bom dia, Jesus, tenho ouvido muito sobre seus ensinamentos maravilhosos. Eu sou apenas um modesto filósofo aqui em Atenas. Falaram-me da sua grande sabedoria e, a julgar pela quantidade de admiradores que o seguem pelas ruas, isso deve ser verdade. Se você puder me conceder alguns minutos, gostaria que me iluminasse com suas respostas para algumas questões que têm me afligido por toda a minha vida.
Jesus:
Sou um pescador de homens na minha busca por seguidores. Trago a verdade de Deus para todos os homens. Procura e encontrarás, peça e obterás a resposta, bata e a porta se abrirá para ti.
Sócrates:
Há uma questão básica que tem sido sempre a maior em minha mente. Embora tenha sido sempre um obstáculo intransponível para mim, na minha busca pela verdade e pelo sentido das coisas, estou certo que, com sua erudição, você vai achá-la muito fácil e vai me tomar por um velho tolo. Sempre quis viver de forma honrada e nobre, mas parece que só tropecei pela vida sem ao menos saber o que é honra e nobreza. Com meu entendimento limitado, sempre me parece que a vida, mesmo com sua beleza e sua fúria, na verdade, não significa nada. Por favor, me diga:como um homem deveria viver? Qual é o propósito da vida?
Jesus:
Servir e reverenciar a Deus.
Sócrates:
Qual deus?
Jesus:
Só existe um Deus.
Sócrates:
Oh, você devia vir morar em Atenas. Aqui, temos vários para escolher.
Jesus:
Só existe um deus verdadeiro.
Sócrates:
Ah, claro, e qual é o deus verdadeiro?
Jesus:
O deus verdadeiro é o Senhor Deus.
Sócrates:
Sim, mas quem é o Senhor Deus? Ou o que ele é?
Jesus:
Ele é o infinito da sabedoria, amor, compaixão, paz e misericórdia. Ele é o criador do céu e da terra e de todas as coisas no universo.
Sócrates:
Todas as coisas?
Jesus:
Sim, todas as coisas. Ele é onipotente. Ele é o senhor, o controlador e o criador de todas as coisas. Ele é onipresente - nada pode acontecer que ele não saiba com antecedência.
Sócrates:
E ele também cria as pragas, guerras, a morte, o sofrimento e o mal?
Jesus:
Não! Essas coisas e todos os outros males e tragédias vêm do Demônio, o príncipe das trevas; ou das fraquezas e da natureza maligna do homem. Deus é só bondade, sem traço de maldade; só o bem pode vir de Deus.
Sócrates:
E, quem é esse tal Demônio? Certamente deve ser um deus para ser capaz de causar calamidades tão grandes sobre a humanidade. Entretanto, você acabou de dizer que só existe um deus. Você também disse que tudo que existe vem desse Deus. E agora você diz que só o bem vem de Deus e que o mal vem de alguém chamado Demônio. Isso parece uma contradição. Temo que sua religião seja complexa demais para esta cabeça velha compreender. Ainda assim, pretendo ser um estudante persistente e tentar entender, se você puder me ajudar de alguma forma. Por favor, explique: quem é o Demônio e como pode ser que todas as coisas venham de Deus mas também não venham de Deus?
Jesus:
O Demônio é um anjo caído que é ambicioso. Ele se rebelou contra Deus e quer destruir todo o seu trabalho.
Sócrates:
O que, em nome de Zeus, é um anjo?
Jesus:
Um anjo é um anjo.
Sócrates:
Claro, claro, é uma identidade. Sócrates é Sócrates. Mas, veja, isso não significa nada para mim, ignorante que sou sobre sua religião. Embora possa ser a verdade mais pura, não tem relação com nada que eu possa compreender. Você poderia comparar o anjo a alguma coisa com que eu esteja familiarizado?
Jesus:
Um anjo é um anjo.
Sócrates:
Por favor, perdoe minha ignorância. Entenda que não sou a autoridade que você é. Nunca vi nem ouvi falar de anjos. Disseram-me que você teve muitas visões estranhas quando vagou quarenta dias pelo deserto sem comer. Suplico que me conte com que se parecem esses anjos.
Jesus:
Eles têm asas.
Sócrates:
Assim como os pernilongos. Você poderia ser mais específico?
Jesus:
Eles são como pessoas, mas têm asas.
Sócrates:
Que mais? Presumo que possam voar.
Jesus:
Ah, sim, é para isso que as asas são feitas.
Sócrates:
Claro, claro, eu devia ter adivinhado. Você diz que eles se parecem com pessoas. E no que são diferentes dos homens?
Jesus:
Eles são muito melhores que os homens... e nunca morrem.
Sócrates:
Melhores que o homem? Como?
Jesus:
Mais virtuosos e mais poderosos. Muito mais poderosos.
Sócrates:
Então são sobre-humanos.
Jesus:
Sim. Certamente!
Sócrates:
Então eles são sobre-humanos e imortais. Nós, em Atenas, chamaríamos tais seres de deuses.
Jesus:
Não! Deus é muito mais poderoso que eles.
Sócrates:
Para nós, Zeus também é mais poderoso que os outros deuses olímpicos, mas os outros também são deuses, por definição. Como você definiria o termo deus?
Jesus:
Deus é o criador de tudo Ele é todo poder, conhecimento, sabedoria e a epítome da justiça, piedade, compaixão, divindade e paz.
Sócrates:
Mas essas qualidades não são necessariamente consistentes. Não é possível para uma pessoa ser justa, pacífica e piedosa, tudo na mesma instância ou situação. Se uma pessoa ou uma nação merece punição pela regra da justiça, deve-se puni-la ou fazer guerra contra ela, mas isto seria uma violação da regra da paz e da piedade. Nenhum ser poderia ter todas essas qualidades porque elas contradizem umas às outras; elas não podem existir juntas na mesma pessoa ao mesmo tempo. É como se um homem tivesse se virado para a esquerda e para a direita ao mesmo tempo e, ainda assim, estivesse inteiro e completo.
Jesus:
Deus opera suas maravilhas de maneiras misteriosas.
Sócrates:
Parece que vocês têm tantos deuses quantos temos em Atenas, só que vocês não os chamam de deuses.
Jesus:
Não! Deus é todo-poderoso.
Sócrates:
Então, a única diferença é o grau de poder?
Jesus:
Não. Deus é melhor e mais virtuoso que eles. O pecado é impossível para ele.
Sócrates:
O que é um pecado?
Jesus:
É um ato de desobediência a Deus.
Sócrates:
Deduzo disso que Deus não poderia pecar, pois não poderia desobedecer a si mesmo. E, se o pecado não é possível para ele, não pecar não é nenhuma façanha dele. Assim como não se mover não é façanha alguma para uma pedra. É só uma questão de definição. O que eles fazem esses anjos?
Jesus:
Eles entregam mensagens para Deus.
Sócrates:
Por que, se Deus é todo-poderoso, haveria necessidade de alguém entregar mensagens para ele?
Jesus:
Ele gosta desse jeito.
Sócrates:
Então eles são escravos de Deus?
Jesus:
Não! Eles o servem voluntariamente.
Sócrates:
E o que acontece se eles não o servirem voluntariamente?
Jesus:
Houve vários anjos, liderados por Satã, o demônio, que se rebelaram contra Deus e foram banidos do Paraíso para o tormento e a punição eterna.
Sócrates:
O que é o Paraíso?
Jesus:
É um lugar maravilhoso, nas alturas do céu. Lá, as ruas são pavimentadas com ouro. Lá, tudo é pacífico e bonito. Deus mora lá e todos que crêem nele vão para lá quando morrem. Lá, os homens têm vida eterna, têm asas, reverenciam Deus, tocam harpas em eterna harmonia, felizes para sempre. O propósito e o objetivo da vida do homem é ir para o Paraíso quando morrer.
Sócrates:
Olha, isso soa parecido com a conversa de quem comeu flor de Lótus. Se este fosse o propósito da vida, não poderíamos simplesmente nos intoxicar com vinho ou drogas e nos sentir no paraíso a qualquer hora, como os mendigos e bêbados que se vêem do outro lado da cidade?
Jesus:
A Bíblia diz "não abusarás do vinho ou de bebidas fortes".
Sócrates:
Se o único propósito da vida do homem fosse ir para Paraíso, por que ele simplesmente não se mata e vai para lá?
Jesus:
Não matarás!
Sócrates:
Para começar, se Deus quisesse que o homem fosse para o Paraíso, por que o colocou na Terra? Por que simplesmente não colocou o homem no Paraíso desde o começo? Acho difícil de acreditar que o homem, com toda a sua capacidade, seus desejos e complexidades, tenha sido criado meramente para se curvar e para reverenciar. Certamente, não existe, nem nunca existiu, um tirano humano tão frívolo e orgulhoso que quisesse que seus súditos simplesmente se curvassem e o venerassem de forma obsequiosa e subserviente, disponíveis do alvorecer até o pôr-do-sol, solitário para toda a eternidade. Eu entendo muito bem por que Satã quis se rebelar contra essa situação estática, regulada, opressiva e maçante. Pelo que você já me contou, eu teria que me aliar a Satã nessa rebelião, pois, embora me considere um homem humilde, eu não poderia me curvar e adorar, nem cantar preces para um ser que me ameaçasse com punições e tormentos eternos.
Jesus:
O Senhor teu Deus é um deus ciumento e não deves ter outros deuses diante dele.
Sócrates:
Por que Satã se rebelou? Ele sabia que Deus era tão poderoso, como você o descreveu, e que sua derrota era inevitável?
Jesus:
Satã se rebelou porque ele era orgulhoso e queria mandar no paraíso. Ele conhecia uma parte do grande poder de Deus (que era maior que o seu próprio poder), mas ele desejava o poder tão ardentemente que resolveu tentar de qualquer maneira.
Sócrates:
Então, Satã certamente foi corajoso, lutando contra um inimigo que ele não podia derrotar.
Jesus:
Ele era um pecador porque desobedeceu a vontade de Deus.
Sócrates:
Parece, então, que a única diferença entre Satã e Deus é o grau do poder.
Jesus:
Deus é perfeito. Ele é onipotente, onisciente e imaculado.
Sócrates:
Claro, por definição, ele não peca por que não pode desobedecer a si mesmo. A única diferença real entre os dois é o grau de poder. Portanto, Satã não errou nem pecou ao se rebelar contra Deus; ele só errou ao ser derrotado na rebelião. Pois, se ele tivesse vencido, Deus é que seria o pecador, pois Deus teria desobedecido a Satã, que seria melhor que Deus e outros anjos, porque ele não poderia pecar contra si mesmo e ele é que seria onipotente. Se Satã tivesse vencido, teria se tornado Deus, pela sua definição, porque ele teria sido onipotente e sem pecados. Quem sabe se não foi exatamente isso que aconteceu? Pela sua descrição de Deus, começo a suspeitar que Satã venceu.
Jesus:
Deus é mais do que simplesmente poder e completa falta de pecados:ele é justiça infinita, piedade, paz, compaixão e perdão. Satã é impuro, egoísta, destrutivo e maligno.
Sócrates:
O que aconteceu a Satã depois que ele foi expulso do Paraíso?
Jesus:
Ele foi jogado no Inferno por Deus, para ser atormentado e torturado para todo o sempre.
Sócrates:
O que é o Inferno e por que Satã fica lá, se é um lugar tão doloroso e desagradável?
Jesus:
Deus o trancou no Inferno e não permite que ele saia. Deus criou o Inferno para punir Satã e todos os homens que não tenham fé em Deus. É um fogo incessante de queimadura, tortura, agonia e tormento. Todos os pecadores que não pedirem perdão a Deus e não tiverem fé nele vão para lá para toda a eternidade para serem torturados pelo Demônio.
Sócrates:
Se Deus é justo ou piedoso, como ele pode fazer isso para um inimigo que o combateu em batalha? Por que Deus simplesmente não perdoou Satã depois de derrotá-lo, como os homens geralmente fazem com nações capturadas, depois de havê-las derrotado? Parece que os homens são mais piedosos do que Deus, na vitória, pois não tratam os derrotados com tamanhos terrores, nem pelo período de uma vida, muito menos por toda a eternidade. Por que Deus não mostra as qualidades que você descreveu, como justiça, piedade, compaixão e perdão a Satã? Certamente, essa natureza guerreira de Deus contrasta muito com a descrição de um Deus pacífico, piedoso e que perdoa tudo.
Jesus:
Deus tem maneiras misteriosas de executar suas maravilhas.
Sócrates:
Se Satã está preso no Inferno, como poderia levar pragas e tormentas à Humanidade, e por que Deus permite isso, se ele é onipotente e tão bondoso? Se Deus é todo poderoso, que negócio é esse de ele permitir que Satã sobreviva? Por que não o destrói? Nessa altura da conversa, já imagino se não teria sido melhor que o outro tivesse vencido.
Jesus:
Deus permite que Satã saia para que traga pragas e tormentas para a Humanidade, para punir o homem por seus pecados no Jardim do Éden.
Sócrates:
O que é o Jardim do Éden?
Jesus:
Quando Deus criou o primeiro homem e a primeira mulher, Adão e Eva, ele os colocou no Jardim do Éden. Quando foram criados, eram puros e sem pecado. Foi assim que Deus os criou. O Jardim do Éden era um paraíso bonito, que lhes provia tudo que precisavam. Eles não precisavam trabalhar. Bastava coletar as frutas dos galhos de árvores opulentas. Eles eram inocentes e despreocupados como crianças e não sabiam nada sobre o amor carnal. Tinham um ao outro como companheiro e adoravam e reverenciavam Deus, que sempre os visitava.
Sócrates:
Por que Deus criou a humanidade?
Jesus:
Porque ele estava só.
Sócrates:
Por que ele simplesmente não criou mais alguns anjos, que eram mais seus iguais, em vez dessa forma de vida tão inferior, o homem? Será que ele não queria mesmo escravos servis que ele pudesse observar sentindo medo, reverência e adoração a ele?
Jesus:
Uma vez que ele é nosso criador, nós lhe devemos mesmo reverência, adoração e obediência.
Sócrates:
Será que o filho de um criminoso lhe deve obediência ou será que tem o direito e a obrigação de julgar por si mesmo, entre o certo e o errado? Que pecado, que ato de desobediência o homem cometeu no Jardim do Éden?
Jesus:
No centro do Jardim do Éden, Deus colocou a árvore do conhecimento. Deus disse a Adão e Eva para não comerem os frutos daquela árvore. Satã apareceu na forma de uma serpente e disse a Eva que ela teria grande conhecimento se comesse o fruto. Satã lhe disse que Deus temia que se eles comessem o fruto, poderiam se tornar tão grandes quanto ele. Depois que comeram, aprenderam sobre o amor sexual. Este foi o pecado original.
Sócrates:
O conhecimento é algo de que Deus gostaria de nos resguardar? Por que Deus quer nos manter distantes do conhecimento? Será que ele queria nos manter como escravos subservientes, rastejando aos seus pés? Parece-me que devemos agradecer a Satã e reverenciá-lo por sua ajuda. Satã se parece muito com o titã Prometeu, que desafiou as ordens dos deuses e trouxe ao homem o conhecimento do fogo. Por este serviço à humanidade, Prometeu, assim como Satã, foi submetido ao tormento e à tortura eterna. Certamente a vida humana valeria muito menos sem sexo, fogo e conhecimento.
Jesus:
Mas Satã estava mentindo para Eva, pois afinal não nos tornamos tão grandes quanto Deus, depois de comer a fruta. Ele mentiu para nós só porque queria destruir o trabalho de Deus.
Sócrates:
Se Deus é onipotente, por permitiu que Satã viesse ao Jardim do Éden para tentar Eva? E, para começar, se Deus não queria que o homem comesse do fruto proibido, por que pôs a árvore do conhecimento bem no meio do jardim? Se Deus não queria que o homem fizesse sexo, por que ele o equipou com os órgãos necessários para isso? Se Deus não queria que o homem cometesse o pecado original, por que lhe deu o desejo pelo conhecimento, pela aventura e pelo amor carnal?
Jesus:
Deus pôs a árvore do conhecimento no Jardim e permitiu que Satã fosse até lá porque ele queria testar a humanidade.
Sócrates:
Você disse que Deus é onisciente, que ele sabe tudo que acontece antes de acontecer. Certamente Deus já sabia como o homem se comportaria nessa ou em qualquer outra situação.
Jesus:
Deus deu livre arbítrio ao homem. Ele podia tanto ser virtuoso e obedecer a Deus quanto ser pecador e desobedecer a palavra de Deus.
Sócrates:
Deus sabia que o homem poderia pecar?
Jesus:
Ele sabia que o homem poderia pecar mas ele lhe concedeu livre arbítrio para tomar sua própria decisão.
Sócrates:
Deus não poderia ter criado o homem de forma que ele não pudesse pecar? Não poderia ter criado o homem de forma que ele não pecasse nessa situação particular?
Jesus:
Sim, pois se Deus é onipotente, ele poderia ter feito isso, mas ele não queria que o homem fosse um marionete; queria que ele tivesse livre arbítrio.
Sócrates:
Deus poderia ter criado o homem com duas cabeças e três pernas ou de qualquer outro jeito que ele quisesse?
Jesus:
Deus poderia ter criado o homem do jeito que ele quisesse.
Sócrates:
Deus criou o homem do jeito que ele quis? Ele quis que o homem tivesse uma cabeça, duas pernas e que tivesse a aparência que tem?
Jesus:
Claro, Deus é perfeito e onipotente. Ele não poderia cometer um erro.
Sócrates:
Então Deus jamais errou e criou o homem exatamente da maneira que quis, em todos os sentidos?
Jesus:
Sim.
Sócrates:
Então você e eu fomos criados exatamente do jeito que deus quis que fôssemos? E Adão e Eva foram criados exatamente do jeito que Deus quis que fossem?
Jesus:
Sim, foi isso que eu disse.
Sócrates:
Tudo que é parte do homem veio de Deus?
Jesus:
Sim, Deu é o mestre e o controlador, o criador de tudo.
Sócrates:
O Demônio ou outra força qualquer criaram alguma parte do homem?
Jesus:
Não, Deus é o criador de tudo.
Sócrates:
Então, se Deus criou os olhos, pernas e a mente do homem, também criou os desejos do homem, todos os seus desejos, inclusive seu desejo por conhecimento e pelo sexo. Por que os homens pecam?
Jesus:
O homem peca por causa de sua fraqueza e sua natureza maligna.
Sócrates:
A natureza do homem é parte homem, assim como suas mãos, seus pés são parte do homem?
Jesus:
Sim, a natureza do homem é parte do homem.
Sócrates:
Quem criou o homem?
Jesus:
Deus.
Sócrates:
Quem criou as mãos e pés do homem?
Jesus:
Deus.
Sócrates:
Quem deu ao homem duas mãos e dois pés e o fez exatamente como eles são hoje, exatamente como eles eram no tempo de Adão e Eva?
Jesus:
Deus.
Sócrates:
Quem criou a natureza humana?
Jesus:
Deus.
Sócrates:
Quem deu ao homem sua natureza maligna e suas fraquezas? Deus deu, porque tudo que é parte do homem veio de Deus e só de Deus.
Jesus:
Deus deu ao homem o livre-arbítrio.
Sócrates:
Quem decidiu que o homem devia ter duas mãos? O diabo?
Jesus:
Não. Deus decidiu que o homem teria duas mãos.
Sócrates:
Quem decidiu que o homem teria franquezas e uma natureza maligna? O diabo? Não, foi Deus que decidiu que o homem teria fraquezas e natureza maligna. Se a humanidade é falha, maligna ou fraca, é porque Deus pôs falhas ou fraquezas nele e tinha mesmo essa intenção. Deixe-me contar a você outra parábola. Você alguma vez já viu pássaros matando peixes no mar? Quem pôs isso no pássaro, essa capacidade de localizar o peixe e de matá-lo?
Jesus:
O homem tem livre-arbítrio. Deus não o obriga a pecar. Ele simplesmente lhe deu a oportunidade de ser virtuoso ou pecador. O homem não teria valor algum para Deus, se fosse apenas um boneco de marionete, que não pudesse fazer nada a não ser o bem. Ele quis dar ao homem a oportunidade de ser bom ou mau conforme seu próprio mérito, sua própria escolha.
Sócrates:
É absurdo que Deus puna o homem depois de criá-lo. É como se um Homero escrevesse uma ode sobre um porco e depois chicoteasse e batesse nas páginas e as condenasse ao fogo eterno porque ele não gostasse das qualidades do animal. Ou como se um mestre da escultura fizesse uma estátua perfeita de um porco e batesse nela por toda a eternidade, porque não gostasse dos traços do animal.
Jesus:
Deus não criou o homem com uma natureza má nem predeterminou que ele devesse pecar.
Sócrates:
Então quem fez isso?
Jesus:
Deus criou o homem para ser inocente e naturalmente bom. Deus pôs o homem num paraíso, no Jardim do Éden. Ele deu ao homem livre-arbítrio e permitiu que Satã fosse ao Jardim do Éden para testar a humanidade. Deus não predeterminou que o homem deveria pecar.
Sócrates:
Mas Deus criou tudo que levou a essa combinação, situação ou ambiente. Quando ele criou cada um dos elementos ou ingredientes na situação, sabia exatamente como cada um iria reagir aos outros em qualquer circunstância, porque ele sabe tudo. Ele pretendia que cada elemento fosse exatamente como ele era, porque ele era onipotente e não poderia cometer um erro. É como se um cientista ou médico tivesse combinado diversos ingredientes num remédio, que embora fossem inofensivos isoladamente, tornavam-se um veneno mortal quando combinados; e então, depois de administrá-lo no paciente, negar qualquer responsabilidade sobre sua morte. Exatamente dessa forma foi que Deus combinou muitas coisas: um homem inocente, a árvore do conhecimento, um belo jardim e um anjo.
Jesus:
Todos pecaram e se afastaram da glória de Deus.
Sócrates:
Parece-me que seu Deus Senhor criou o homem meramente para observá-lo sofrer. Esse trabalho de Satã, o Jardim do Éden, o livre-arbítrio, é tudo fachada. Deus só queria uma desculpa para intimidar, perseguir, atormentar e oprimir a humanidade. Se um ser onipotente e onisciente cria tudo e permite que suas criaturas reajam de certa forma, na verdade ele pretendia que elas agissem daquele jeito e é o único responsável pelos resultados.
Jesus:
Não zombe de Deus. Não fale desse jeito ou você vai ser jogado na fornalha na qual você vai ranger os dentes para sempre, atormentado e torturado.
Sócrates:
Eu achava que nossos deuses olímpicos eram perversos e irracionais, mas eles parecem mansos cordeirinhos, piedosos e compreensíveis se comparados a esse seu Deus, que atormenta e tortura alguém para toda a eternidade por que essa pessoa fez o que foi forçada a fazer em função de sua natureza e do ambiente criados por esse mesmo Deus.
Jesus:
Oh, dê graças ao Senhor porque ele é bom, porque sua piedade dura para sempre.
Sócrates:
Por que, se é um deus de paz e piedade, ele atormenta a humanidade e permite e até encoraja e exige banhos de sangue sobre a terra? Por que permite, exige mesmo, que Satã tente e torture a humanidade? Já que você diz que nada acontece sem que ele saiba e não apenas saiba, mas tenha feito acontecer, esse ser todo-poderoso e que sabe tudo e que cria tudo, determina tudo, esse ser tem que saber como suas criações vão agir.
Jesus:
Deus deu livre-arbítrio ao homem porque não queria que ele fosse um simples marionete. Deus não queria que o homem pecasse. Deus ficou muito desapontado quando o homem pecou.
Sócrates:
Deus não poderia, de forma alguma, ficar desapontado, porque ele conhecia a natureza do homem e de tudo mais que ele criou. Se ele é todo-poderoso, ele pretendia que homem pecasse. De fato, ele o forçou a pecar, quando o criou com certos desejos e certas fraquezas.
Jesus:
Isso que você diz é blasfêmia. Deus criou o mundo e todas as plantas e animais para o prazer do homem. Olhe para o lindo mundo à sua volta. Como você pode dizer coisas tão terríveis sobre Deus depois de ele ter lhe dado tanto?
Sócrates:
Eu não posso mesmo acreditar nisso. Como poderia um deus tão perverso, sádico e odioso criar um mundo com tanta beleza? Mesmo o homem, com toda a maldade que às vezes parece possuir, tem momentos que exibe uma força incrível, auto-sacrifício, lealdade e graus variados de qualidades conflitantes como a piedade e a justiça. Seu Deus Senhor não tem nenhuma dessas qualidades. Certamente nunca houve um homem tão vil que fizesse a outros homens o que você diz que seu Deus faz para aqueles que não o respeitam: torturar para todo o sempre. Qualquer homem, não importa o quanto tenha sido enganado, torturado ou ofendido - como Príamo, cujo clã inteiro foi dizimado, ou Agamenon, que foi traído por sua esposa e o amante dela - mesmo esses perdoariam depois de anos ou séculos de tortura ao seu inimigo.
Jesus:
Eu sou o caminho, a verdade e a luz. Ninguém vai ao Pai se não for por mim. Creia em mim e tenha vida eterna no Paraíso; renegue-me e sofra a tortura eterna no Inferno.
Sócrates:
Se eu aceitasse seu sistema, teria que me aliar a Satã, contra seu Deus, mesmo sabendo que eu seria atormentado e torturado para sempre. A injustiça e a perversidade do seu Deus são chocantes. Eu tenho ouvido falar coisas horríveis sobre sacrifícios humanos em costas distantes, mas tenho certeza que nem eles pensariam em coisas como torturar vítimas por toda a eternidade. Tenho ouvido histórias aterrorizantes sobre monstros, ciclopes e medusas, mas esses monstros são animais mansinhos se comparados às coisas descritas no seu livro de revelações. E você quer me convencer da natureza pacífica, piedosa e perdoadora do seu Deus Senhor.
Jesus:
Somos todos filhos de Deus. Deus é nosso pai, não quer que pequemos e nos pune quando o fazemos. Ele é justo e piedoso e só nos manda, seus filhos, para o Inferno, para a danação e o tormento eterno por nossas próprias faltas. Por nossos pecados e nossa volúpia sexual, como Adão e Eva, ele não tem escolha, senão nos punir, pela tortura e o fogo eternos.
Sócrates:
Você diz que somos filhos de Deus. Ele é um verdadeiro monstro que tortura seus próprios filhos por terem olhos, pernas e desejos que ele mesmo lhes deu. Que esse diabo malabarista não seja mais acreditado, pois nos engana duplamente e mantém a palavra de promessa aos nossos ouvidos, mas a quebra em nossa esperança. Não vejo propósito, nem razão, nem verdade, nem piedade, nem justiça, nada além de caprichos de um poder cruel. De fato, os seres humanos, apesar de seus caprichos, egoísmo e fraquezas, parecem ter mais qualidades que seu Deus. Seu Deus é demoníaco, sádico, um diabo psicótico.
Jesus:
Nós somos meros humanos e não podemos entender os mistérios infinitos de Deus. É nosso dever sermos fiéis a ele, acreditarmos nele e o seguirmos. Não nos cabe perguntar por quê, mas apenas fazer e morrer.
Sócrates:
Não nos cabe perguntar? Mas e por que fomos dotados de mentes? Se não nos cabe discutir como viver e qual o propósito da vida, por que estamos discutindo isso agora? Por que você passa sua vida pregando para o povo? Por que você arriscou sua vida desafiando as ordens dos romanos?
Jesus:
Pela fé nós somos salvos e que ninguém duvide disso.
Sócrates:
Fé? O que você quer dizer com fé?
Jesus:
Devemos acreditar sem pedir provas. Não devemos ser incrédulos como Tomás. Se acreditarmos em Deus, seremos mil vezes recompensados por todos os nossos problemas e atribulações, quando estivermos no Paraíso.
Sócrates:
Você diz que devemos acreditar em tudo que nos dizem, sem investigar ou examinar; devemos ser ingênuos? Se eu fosse assim, daria minha bolsa para qualquer um na rua que me prometesse devolver, depois, mil vezes o valor dela. Eu seria um tolo agindo da forma que você diz. E você não pede apenas dinheiro, mas que eu dedique minha vida inteira a uma promessa e um propósito sem jamais considerar seus valores. Um ladrão exige meu dinheiro ameaçando minha vida. Você exige minha vida me ameaçando com tortura e me prometendo o paraíso. Eu não sou um manso nem um tolo ingênuo para ser enganado assim por promessas vazias e ameaças.
Jesus:
Os mansos herdarão a Terra.
Sócrates:
Os mansos são massacrados e são escravizados como as mulheres e crianças de uma nação derrotada.
Jesus:
Você não deve questionar Deus!
Sócrates:
Eu nunca encontrei esse cavalheiro, portanto não posso questioná-lo. Eu estou questionando você, que se diz representante dele, pois quero saber se realmente o representa.
Jesus:
Devemos acreditar na Bíblia, nas Escrituras, na Palavra de Deus. Acreditar sem esperar ser capaz de entender e sem exigir provas.
Sócrates:
É impossível para homem não escolher. Você tem noção de que existem milhares de religiões no mundo? Se acreditássemos só pela fé, teríamos que aceitá-las todas. Entretanto, elas todas são diferentes entre si, e aceitá-las todas seria impossível. Seria como acreditar, ao mesmo tempo, que o mundo é redondo e plano. Certamente você não pratica o que prega, pois, neste caso, você aceitaria a religião dos judeus e o Velho Testamento e não teria começado essa sua própria religião herege. E ontem, quando os sacerdotes de Atenas o advertiram para não pregar suas heresias nas ruas, você teria aceitado a religião grega e os deuses do Olimpo, pois estavam aqui primeiro e você deveria acreditar pela fé, já que eles lhe disseram que era verdadeira.
Jesus:
Pela fé somos salvos e que ninguém duvide disso.
Sócrates:
Deixe-me dar-lhe um exemplo específico. Suponha que o Oráculo de Delfos me contasse que certa pessoa fosse culpada de ter estuprado e matado minha esposa, e que eu deveria matá-lo, ou ele me mataria, temendo que eu descobrisse o seu crime e tentasse matá-lo. Então você me diz "Não Matarás!". Você me diz que eu devo acreditar pela fé em tudo que eu ouvir. Seguindo sua instrução, devo matar o homem, devido à minha fé no Oráculo de Delfos. Entretanto, não devo matar o homem devido à minha fé no Deus Senhor. Mas eu não posso matar o homem e não matar o homem, pois são coisas contraditórias. Portanto, não posso acreditar em ambos. Portanto é impossível acreditar em qualquer coisa só pela fé. Existe uma escolha intelectual que eu, você e todos os homens fazemos, seja de forma voluntária ou não. Devemos escolher no que acreditar. O que você faria? Faria sua escolha pensando, discutindo e considerando todos os aspectos do problema ou negando cegamente que exista a necessidade de fazer uma escolha? Esta escolha é a mais importante na vida de um homem, pois a resposta à questão "qual é o propósito da vida?" determina todo o curso da vida de uma pessoa. Se um homem vai devotar cada movimento seu à sua religião, como você defende, então certamente ele deveria dirigir muito do seu pensamento à questão da escolha da religião. Deixe-me contar uma parábola: se você deve ir de uma cidade até outra numa tarefa que vai consumir sua vida inteira, não seria sábio considerar todas as estradas, já que algumas delas são freqüentadas por ladrões? Além disso, verificaria se não existe uma cidade mais próxima e segura para ir, ou, mais importante, se existe mesmo a cidade para onde vou, afinal.
Jesus:
Se você deseja honestamente conhecer a verdade sobre Deus, sobre a criação e sobre o propósito da vida, existe um caminho muito simples para descobrir a verdade. Tudo que tem a fazer a pedir que Deus entre no seu coração. Se você quiser sinceramente saber a verdade sobre Deus, o Espírito Santo entrará no seu ser e você se unirá a Deus. Nesse momento, você receberá a paz e o conhecimento do Paraíso; e quando você morrer, irá para o Paraíso e viverá para sempre em felicidade e contentamento.
Sócrates:
Desejo muito saber a verdade. O que, exatamente, eu preciso dizer para ganhar este conhecimento e essa sabedoria? Como é que eu falo com ele?
Jesus:
Diga, "Deus, entre no meu coração e me dê a sabedoria para entender a verdade".
Sócrates:
Quer dizer que simplesmente repetindo isso eu vou ganhar conhecimento sobre o propósito da vida?
Jesus:
Sim. O Senhor diz "procura e encontrarás, pergunta e terás a resposta, bata à porta e ela se abrirá para ti". Deus prometeu revelar a verdade para todo aquele que procurá-la.
Sócrates:
Deus, entre no meu coração e me dê a sabedoria para entender a verdade!
Jesus:
Então está feito. Agora agradeça a Deus por ter dado a vida eterna a você.
Sócrates:
Mas não aconteceu nada! Não sei nada mais sobre o propósito da vida do que eu sabia antes.
Jesus:
Então você não foi sincero. Você não desejou realmente que Deus entrasse no seu coração e lhe mostrasse a verdade. Você não tem fé que ele entrará no seu coração.
Sócrates:
Eu desejo verdadeiramente saber a verdade. Dediquei minha vida inteira ao estudo da filosofia e da razão. Desejo conhecer o propósito da vida mais do que desejo a própria vida. É uma resposta que tenho buscado desde que vi o sol pela primeira vez. A não ser que a encontre, vou continuar a procurá-la até o dia da minha morte. Talvez ele não tenha me ouvido. Devo pedir de novo, mais alto?
Jesus:
Você falhou em encontrar a resposta porque não tem fé. Se um homem tem a fé do tamanho de um grão de mostarda, ele pode mover uma montanha e tudo que ele desejar acontecerá.
Sócrates:
Isso é impossível. Será que alguma daquelas pessoas que seguiam você hoje tinha parentes ou amigos doentes ou morrendo? Com certeza havia, e com certeza, caso fossem bons cristãos, desejariam que estes amigos ou parentes não estivessem doentes, nem morressem, mas que ficassem saudáveis e felizes novamente. Ninguém vai ser tão tolo de dizer que não tem um amigo à morte. Ninguém vai ser tão insensível de dizer que nunca desejou que o amigo vivesse. Portanto, segue-se que nenhum cristão em todos esses séculos jamais teve fé em Deus, ou então Deus estava mentindo.
Jesus:
O Senhor dá e o Senhor tira. Abençoado seja o nome do Senhor.
Sócrates:
Vou apresentar uma parábola para provar que nunca houve um cristão ou judeu que tivesse fé; e provar que Deus estava mentindo quando prometeu vir ao coração dos homens para lhes ensinar o propósito da vida. Primeiro, você concorda que o Inferno é pior do que qualquer possível desgraça terrestre?
Jesus:
Sim, com certeza.
Sócrates:
E, você não disse que todos os homens são pecadores que se afastaram da glória de Deus?
Jesus:
Sim.
Sócrates:
Todo cristão ou judeu que tenha fé acredita que vai para o inferno se pecar. Permita-me mais essa parábola:cada cristão é como um homem que está no alto de um despenhadeiro. Sabe que se cometer um pecado, cai para a morte, ou pior, para o tormento eterno. Você disse que o Inferno é pior que qualquer punição terrena imaginável. Nenhum cristão pleno de fé jamais pecaria, por pior que fossem seus problemas ou seus desejos, pois isso seria saltar no precipício do tormento eterno. Você disse que todos os homens, inclusive cristãos e judeus fiéis, são pecadores. Portanto, nenhum cristão ou judeu, desde o início dos tempos, jamais acreditou que realmente iriam para o Inferno. Por que se acreditassem mesmo nisso, não pecariam. Não saltariam no abismo se acreditassem que o Inferno e o tormento eterno os esperassem lá em baixo. Todos pulam no abismo. Todos pecam. Portanto nenhum deles realmente acredita em você. Conseqüentemente, Deus não entrou no coração deles mais do que entrou no meu, minutos atrás. Portando, Deus não tem o direito de exigir que ajam como cristãos ou que tenham fé nele. Portanto, Deus não tem o direito de punir ninguém nem de mandar ninguém para o Inferno. Portanto seu Deus não é justo. Portanto seu Deus não é Deus.
Jesus:
Olhe para o mundo à sua volta. Isso não prova que Deus existe? Veja a natureza bela e benevolente que faz você forte e saudável, e lhe dá o sol para lhe aquecer e a floresta e o campo para lhe alimentar. Você não devia adorar a Deus por tudo que ele lhe deu?
Sócrates:
É, admito que a natureza é boa e benevolente, mas quem mandou o granizo que quebrou meu telhado?
Jesus:
Só porque existe algum mal no mundo, não se pode negar o bem:você deve agradecer a Deus por isso. Deus tem que existir, pois de onde teria vindo o mundo, se ele não o tivesse criado?
Sócrates:
Não foi necessariamente o seu Deus que criou o mundo:há milhares de outros sacerdotes que reclamam a autoria dessa obra para seus próprios deuses. Só porque não tenho a resposta, não significa que devo aceitar a sua sem examiná-la. Eu poderia usar a mesma lógica e pedir que você acreditasse que Zeus criou o mundo. E mesmo que eu aceitasse que Deus criou o mundo, esse seria o fim da sua definição das qualidades de Deus e não poderíamos continuar logicamente, a partir disso e assumir que os outros aspectos da sua definição são verdadeiros.
Jesus:
Espere, não vá! Você tem que salvar sua alma da danação eterna. Aceite Deus no seu coração. Eu não vou sair enquanto você não aceitar.
Sócrates:
Sim. São apenas elucubrações de um velho. Você é que deve estar certo, já que tem tantos seguidores. E quem seria eu, um velho decrépito, para pôr razão e filosofia acima da voz da multidão.
Jesus:
Agradeça a Deus por ter lhe dado a vida eterna.
Sócrates já tinha ido.
Visto em: Quacumque

quarta-feira, julho 21, 2010

Lixo marinho já atinge áreas remotas da Antártica

As notícias não são nada boas quando falamos da saúde ambiental do Oceano Antártico. De acordo com uma pesquisa desenvolvida entre 2007 e 2008 pelo Greenpeace e pela British Antarctic Survey, a região, apesar de não habitada pelo homem e de extrema importância para a vida marinha, já convive com lixo marinho.
Leandra Gonçalves, coordenadora da campanha de oceanos do Greenpeace, participou da expedição do MV Esperanza entre 2007 e 2008. Seu trabalho foi, dentre outras funções, coordenar a pesquisa sobre lixo marinho. Por meio da observação de objetos, foram coletados dados que informaram tipos de lixo e, em alguns casos, a sua origem.
De 69 itens avistados pelo navio Esperanza, 43% eram materiais plásticos e dos 59 itens observados pelo navio RRS James Clark Ross (também envolvido na pesquisa) 41% também eram plásticos. "Encontramos restos de materiais de pesca, muitas caixas e micropartículas plásticas", conta Leandra.  Diferentemente do que ocorre em outras regiões, as sacolas plásticas não foram vistas em grande quantidade. Os dados da pesquisa serão publicados na edição de agosto na revista "Marine Environmental Research".
Muita gente já ouviu falar sobre as "ilhas de plástico" em nossos oceanos. No norte do Oceano Pacífico, há uma área do tamanho do Texas onde se estima que, para cada quilo de plâncton, existam seis quilos de lixo plástico. A presença desse tipo de dejeto nos oceanos causa problemas ainda maiores do que os já conhecidos impactos na fauna local.
Materiais plásticos têm grande capacidade de absorção de poluentes orgânicos persistentes (POPs), funcionando como verdadeiras "esponjas químicas". Com isso, esse tipo de contaminação acaba atingindo áreas não-habitadas e que estariam teoricamente a salvo da poluição gerada pelo homem. As superfícies plásticas podem servir também como habitat para algumas espécies, transportando-as de um lugar a outro e ocasionando desequilíbrio em cadeias e dando origem muitas vezes a espécies invasoras.
O Greenpeace vem acompanhando de perto o avanço da poluição marinha. Em 2006, a expedição “Defendendo nossos oceanos” também apresentou resultados sobre os caminhos percorridos pelo lixo no mundo e sobre o estado dos oceanos.
Fonte: Greenpeace