Enquanto os chamados "céticos do clima" minimizam ou simplesmente deixam de reconhecer as consequências das mudanças climáticas, países-ilha como o Kiribati (um atol do Pacífico) adotam medidas drásticas em busca da sobrevivência.
Habitado por cerca de 100 mil pessoas, o Kiribati corre o risco de ser engolido pelo mar nas próximas décadas, caso não venha a contar com os bilhões de dólares necessários para mitigação e adaptação as alterações bruscas do clima. "Não temos montanhas e não podemos construí-las. Não temos os recursos necessários", alertou o presidente Anote Tong, ao jornal The Straits Times, de Cingapura. "A quantia necessária depende do número de ilhas que queremos manter, mas certamente serão bilhões de dólares. Acho que não podemos deixar todas seguras. Talvez possamos levar algumas pessoas para as ilhas vizinhas, e nelas erguer o relevo que garanta a sobrevivência da população", projetou.
A altitude média de Kiribati é de apenas dois metros. A elevação do nível do mar, desencadeada pelo aquecimento global, ameaça afundar as ilhas até 2100, uma previsão que até Tong considera inquestionável.
Compra de terras
Em 2014, o presidente comprou terras em Fiji por US$ 11,7 milhões, onde pretende realocar parte da população de Kiribati, caso seja necessário. Para a oposição, foi um desperdício de dinheiro. O presidente, no entanto, assegura que, mesmo antes do fim do século, outros fenômenos ligados ao aquecimento global podem deixar Kiribati para os peixes.
Chances de sobrevivência
"Nós experimentamos um momento difícil com o ciclone Pam no início do ano", lembrou. "Se estes eventos se repetirem e tornarem-se mais severos, nossas chances de sobrevivência serão consideravelmente reduzidas", ressaltou Tong. O presidente está pessimista com o resultado da Conferência do Clima em Paris, em dezembro (COP21), quando autoridades de 196 países vão se reunir para negociar um novo acordo para combater as mudanças climáticas.
"Consciência"
"Já existe a tecnologia necessária (para ajudar Kiribati). A questão é se eles (a comunidade global) terão consciência e apoiarão os países que certamente serão afetados. Se fizerem isso, então podemos ficar aqui nas próximas décadas", observou Anote Tong.
Em 2009, outro país-ilha, Tuvalu, também ameaçado de ser extinto devido à elevação dos mares, chamou a atenção do mundo ao interromper por algumas horas a COP15, realizada em Copenhague (Dinamarca). À época, o negociador-chefe Ian Fry afirmou que o país aceitaria nada menos do que a discussão de um novo protocolo legal mais rigoroso que o de Kyoto - acordo que, passados quase seis anos, ainda não foi acertado.
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