O que mais tenho visto ultimamente é o discurso sobre não se apegar. Que se apegar é ruim por isso e por aquilo, que não é para fazer isso, que não sei mais o quê; um monte de coisa. Um monte de regras definindo o que devemos sentir ou não.
Parece que hastear o discurso de“não se apegue” realmente fará com que as pessoas não se apeguem, realmente fará eu não me apegar, você não se apegar, realmente se transformará em voz para o coração, do tipo: “Tá ouvindo? Não se atreva em se apegar, seu besta!”, sendo que, ironicamente, tudo o que mais queremos é nos apegar a alguém desde que esse alguém se apegue por nós também, claro. Há um refrão sertanejo que sugere: “Tá a fim de um romance, compra um livro”, ora, ora, tudo o que queremos não é um romance? Se puder ser incrível igual aos filmes, melhor ainda, não?
Eu entendo que quanto mais nos apegamos a alguém, mais difícil é esquecer esse alguém e mais intensa é a dor no caso de uma decepção. Entendo, no entanto, que não há história numa relação em que você não se apegue. E eu vou defender isso sempre, pois, a dor existe para ensinar e não para ser ignorada.
Do começo não dá para enxergar o fim. É impossível saber se o seu novo “apego” vai se tornar um pesadelo olhando só para o começo. Se apegar a alguém é mastigar cada pedaço dessa delícia que é o desconhecido. Se apegar a alguém é querer agradar com algum pequeno gesto no meio da rotina, mesmo que este gesto pare somente na vontade, tipo passar por uma bomboniere e querer comprar um doce que aquele alguém gosta, mesmo sem ver esse alguém nas próximas horas.
O importante é saber diferenciar se apegar e depender. É que o jogo de palavras nos envolve e nos faz acreditar no que até mesmo nunca concordamos. Se eu te falar para não se apegar, terá um efeito, agora, se eu te falar para não depender de alguém, provavelmente terá outro. Nos dois casos,quem sou eu para falar para você fazer ou deixar de fazer algo?
Você não deve se sentir culpado por se sentir apegado a alguém. Você é alguém que quer cuidar, que lembra durante o dia, que manda mensagens em tom de carinho, que faz planos, que escolhe só aquele alguém para contar muitos dos seus problemas – e que mesmo que não faça tudo isso, é alguém que se apega do seu próprio jeito. Esse apego é o que te faz viver. Ao mesmo, porém, todo este apego vai arder quando o machucado estiver aberto demais. Você vai querer tudo de volta, vai se perguntar do porquê e vai se revoltar com o que sente. Só que isso tudo faz parte do que somos. Não é justo, porém, e por causa disso, definir que se apegar é sofrer. A vida, nem os sentimentos, são lineares.
Desde que entenda que se apegar não é depender, você tem o direito de aproveitar o prazer do apego. Uma pessoa que se apega é uma pessoa que vive uma história de deixar saudade. Isso quer dizer que se apegar é: fazer das horas anos inteiros com quem está ao seu lado. É se preocupar mais em aproveitar do que em se medir, se calcular, se julgar se está indo rápido demais. O apego gera o afeto. Ou vice-versa.
Então eu quero te dizer: se sentir que deve, se apegue sem freios. Mergulhe nas risadas que dá até altas horas pelas conversas no celular. Congele-se com o frio que a barriga faz quando é dia de encontro. Não receie em ser real. Não tenha medo de mostrar que gosta. Não meça seus carinhos. Seja você este poço todo de sentimento no qual, talvez, se envergonhe de ser. Seja você este mar inteiro de boas intenções no qual se limita em demonstrar.
Não se preocupe em se arrepender, preocupe-se em aproveitar enquanto viver. Já são tantas as regras desse mundo, não deixe que te digam o que deve sentir e como deve se sentir. Já, sobre as vantagens em se apegar, se você tem um coração você sabe quais são.
Visto em: Entenda os homens
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